02 maio 2011

Crowdsourcing

O conceito inerente ao Crowdsourcing, surgiu no livro The Wisdom of Crowds (2004) de James Surowiecki, em que o autor apresenta exemplos de como grandes grupos de pessoas a partilhar informação podem ser mais espertos que qualquer especialista. Porém, o termo em si apareceu pela primeira vez no artigo de Jeff Howe para a revista Wired, The Rise of Crowdsourcing. O vídeo abaixo explica de uma forma humorada o que é o Crowdsourcing e o que ter em conta na sua utilização:



De forma resumida, podemos dizer que Crowdsourcing é um modelo de criação e/ou produção, que conta com a colaboração e conhecimento colectivos, para desenvolver soluções e criar ideias. Neste modelo a empresa consulta a "comunidade" (crowd) de produção, apresenta o seu problema e determina o preço. As pessoas ou empresas que façam parte dessa comunidade apresentam propostas ou a solução já pronta e a empresa apenas tem de escolher a melhor. E estas soluções podem vir de amadores (entusiastas da área) até aos mais especialistas.

A internet tornou possível uma melhor organização deste tipo de procura e oferta exemplo disso são os seguintes sites:


istockphoto.com - sistema que armazena milhões de fotografias de milhares de fotógrafos, facilitando o processo de obtenção de fotos, basta entrar no site, pesquisar e comprar a foto.

Cambrain House - começou como uma comunidade de crowdsourcing, foram pioneiros na tecnologia para explorar as potencialidades da "multidão" (crowd) para as melhores ideias de software. Agora a sua comprovada tecnologia de crowdsourcing está disponível para outros através da plataforma Chaordix crowdsourcing.
A forma como a comunicade da Cambrain House se processa pode ser visionada no infrograma interactivo abaixo apresentado:




OpenIDEO - plataforma colaborativa lançada pela empresa Ideo que espera que possibilitar à "multidão" (crowd) chegar a uma variedade de soluções para os desafios colocados pelas marcas, instituições e pessoas.


Paul Marsden, no artigo Crowdsourcing: Your Recession-Prof Marketing Strategy? para a revista Contagious, dá os seguintes guidelines para o uso de Crowdsourcing por parte das empresas:

1 / Start Small: primeiro deve-se recrutar especialistas internos e efectuar pequenas experiências de crowdsourcing, só depois de se ter obtido algum sucesso com este modelo é que se deve procurar o modelo externo de buy-in. Caso contrário, o salto da contracultura do crowdsourcing pode ser demasiado grande para muitas marcas.
2 / Não esquecer a regra 90:9:1: o nível de Temper de medição de expectativas de participação, diz que apenas até 1% de toda a comunidade online contribui sempre activamente para nada; 9% normalmente votam, comentam ou classificam conteúdos; enquanto os restantes 90% apenas consomem conteúdos.
3 / Obter a mistura inpiradora certa: a participação em crowdsourcing é motivada por uma série de factores, mas resume-se aos 4Fs -Fama, Fortuna, Diversão (Fun) e Cumprimento (Fulfilment). Boas iniciativas de crowdsourcing devem oferecer aos participantes uma combinação de todos os 4Fs.
4 / Lidar com a Lei de Sturgeon: esta é uma lei complexa de entender, e é a máxima do escritor de ficção científica Theodore Sturgeon's de que "90% of everything is crap" - e isto aplica-se, também, às contribuições de crowdsourcing. Desta forma é necessário criar um sistema de filtragem, como por exemplo a votação dos utilizadores, para filtrar o lixo que possa surgir.
5 / Aproveitar a lei de Joy: Um contraponto à lei de Sturgeon é a máxima: "No matter who you are, most of the smartest people work for someone else.", atribuída ao co-fundador da Sun Microsystems, Bill Joy. A chave para um crowdsourcing inteligente é identificar e aglutinar talentos especialistas que se encontram fora da empresa.
6 / KISS: Keep it Simple, Stupid: Crowdsourcing só funciona quando a tarefa é simples para os contribuintes. Formulários longos, IT complexos e tarefas árduas são dispersores da multidão (crowd).  Um click de participação deve ser o objetivo.
7 / Regras da Comunidade: a comunidade é a cola social do crowdsourcing, por isso é importante permitir que os contribuidores da mesma mantenham contacto uns com os outros, bem como com a marca patrocinadora. Sempre que possível, deve-se construir sobre comunidades já existentes ao invés de construir novas comunidades, e manter o foco em comunidades de prática, ou seja comunidades que se baseiam no que as pessoas fazem e não no que eles pensam (designers, criativos, técnicos etc).
8 / Gerir o processo: as iniciativas de crowdsourcing precisam de ser geridas activamente. A Starbucks, por exemplo, tem uma equipa de 48 funcionários, especialmente treinados, que actuam como anfitriões de discussão, incentivando a participação e estimulando as ideias dos contribuintes. Jeff Bruzzo que comanda a equipa de crowdsourcing do Starbuck's diz: "These are the people at a dinner party who make sure everyone is having a good time.".
9 / Obter suporte jurídico: o crowdsourcing envolve frequentemente a transferência de algum tipo de propriedade intelectual, o que não é um problema em si, mas torna necessário a inclusão de uma cláusula de 'termos e condições' para os contribuintes.
10 / Promover a Plataforma: quando se usa uma plataforma, comunidade ou competição de crowdsourcing é necessário atrair de forma entusiástica os contribuidores. Para isso é necessário promover a iniciativa, o que pode ser feito com recurso, por exemplo, a banners publicitários online, anúncios do Google, campanhas de e-mail, ou meios de comunicação mais tradicionais (offline).

O Crowdsourcing pode ser uma forma de redução de custos numa empresa e ao mesmo tempo de potenciar a possibilidade de se conseguir trabalhar com os melhores de uma determinada área, mas não nos podemos esquecer que quem responde ao apelo tanto pode ser um especialista na área como um mero entusiasta e por isso, todo este processo tem de ser devidamente controlado e gerido por forma a se obter a melhor solução para o problema apresentado.

Estas foram as impressões que retirei sobre esta tendência de mercado, e vocês o que acham?

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