14 março 2011

Mood Board (parte III)

Como referi aqui um dos objectivos finais desta série de textos sobre Mood Board era o de apresentar um que de certa forma me identifique e desvende quem eu sou, os meus gostos, os meus projectos, etc., mas antes de apresentar o último que criei deixo aqui um que fiz no início do ano de 2010 e que posso dizer que no final do ano fiquei bastante satisfeita com o que consegui alcançar tendo aquele quadro inspiracional como guia:


E para fechar o tema fica o último mood board que fiz e que tem como tema de construção:

Este é o meu Mundo, esta sou EU



Entendo que possa ser complicado entender quem eu sou apartir desta imagem, mas podem sempre explorar um pouco mais aqui.

Mood Board (parte II)

Nas minhas pesquisas para responder à questão o que é um mood board e de que forma pode ser útil na àrea da inovação e criatividade na comunicação, encontrei num blog um artigo escrito por taís Vieira, publicitária e dona de um estúdio de criação chamado Logobrasil, para o site da revista abcDesign, que no meu entender explica bem o que é um mood board e como pode ser útil:
« Mood Board - Um intrumento visual de apoio aos projectos de design
Processos de projeto em design apresentam características complexas e difíceis de serem descritas em etapas bem definidas. Não é possível determinar a receita que garantirá o sucesso do layout final e isso acontece porque, ao iniciar um projeto, o designer é inserido em um ambiente que conta com a coexistência de elementos, métodos e raciocínios lógicos e subjetivos, além de situações com as quais ele não tem total controle. Enquanto alguns momentos caracterizam-se pela liberdade de escolha e uso de suas habilidades, em outros, o designer é surpreendido com eventos inesperados e/ou informações que fogem do seu domínio. Um exemplo disso é a própria compreensão das intenções do cliente ou ainda, a interpretação, criação e seleção de possíveis soluções que vão sendo empregadas pelo profissional durante a realização do projeto.
Outro aspecto que define o caráter complexo dos projetos é a geração de novos problemas a partir da superação de antigos problemas. A evolução de um projeto de design acontece em um ambiente de natureza construtiva, no qual o resultado final se origina de um constante esforço de superação de obstáculos que geram novos desafios. Conforme Kees Dorst (2003), pesquisador de processos de design, trata-se de um movimento de co-evolução no qual o designer vai desenvolvendo pares de “problema - solução” que combinem a partir da interação de análises, sínteses e avaliações.  Sob este ponto de vista, fica mais fácil compreender porque o ato de projetar dificilmente pode descrito. Ele realiza-se a partir de reflexões e decisões tomadas durante o processo, articuladas com a experiência e conhecimento próprios do designer envolvido.
Nesse cenário, designers buscam a superação dos problemas de design apoiados na manipulação de diferentes estratégias visuais, como a busca de referências, desenvolvimento de sketches, além de instrumentos que auxiliam no surgimento de insights criativos. Neste artigo vamos tratar sobre o mood board, uma ferramenta essencialmente visual que vem sendo utilizada pelo Design Estratégico devido à habilidade de atuar como um mecanismo facilitador do pensamento. Segundo estudos, o mood board auxilia na definição e no direcionamento das ideias surgidas durante um processo de projeto graças às imagens que ele sustenta.
Essa ferramenta, representada na Figura 1, apresenta-se sob a forma de um quadro que combina uma série de referências visuais que apóiam a criação de uma atmosfera do projeto, principalmente em suas etapas iniciais. A própria palavra inglesa “mood” ajuda na compreensão desse instrumento, podendo ser entendida como humor, atmosfera ou mesmo um estado temporário de nossa mente.

Figura 1
O mood board é constituído pelo designer por meio de um processo de colagem que reúne fotografias, imagens de revistas ou Internet, amostras de tecidos, desenhos, objetos, texturas e cores que, conforme Garner & McDonagh-Philp (2008), conseguem exprimir emoções e sentimentos relacionados ao briefing em questão. Este é o aspecto essencial que faz do mood board um instrumento de apoio aos projetos em design. Diferente de uma colagem cuja reunião de figuras busca uma composição artística - como no caso de algumas obras cubistas de Picasso (1881- 1973) e Braque (1882-1963) - ou de um simples painel que exibe diferentes estampas ou exemplos de cores a serem implementadas em um trabalho, as referências reunidas no mood board devem ter um sentido e uma intenção que facilitem a definição e direcionamento de ideias. Deste modo, a relevância da ferramenta está mais em seu processo de criação do que em sua aparência final, já que, enquanto o designer escolhe e fixa as imagens no quadro, o mood board lhe coloca em sintonia com o projeto, oportunizando a visualização de cenários possíveis.
A especialidade do mood board está no fato de que as imagens que ele exibe atuam como meios de comunicação bastante versáteis, capazes de construir códigos traduzidos em conceitos. Enquanto elementos muito próximos dos designers - freqüentemente usados nos projetos como referências e fontes de inspiração - as imagens permitem a interpretação de mensagens e acesso a sentidos através da interação que faz com quem as observa. No caso do mood board, as imagens facilitam a identificação e superação de problemas de projeto por incrementarem o conhecimento do designer. Ambos - profissional e ferramenta - estabelecem um diálogo enriquecedor no qual as imagens facilitam o acesso a sentimentos mais abstratos e a concepção de mensagens visuais mais profundas.
Pensemos, por exemplo, na atuação do mood board inserido no contexto de projeto de logomarcas. Sabe-se que a construção dessa importante extensão gráfica da marca requer buscar em seu discurso quais aspectos devem ser evidenciados. Trata-se, portanto, de um esforço para definir e tornar tangível (através de cores, tipografias e estilos) uma série de elementos até então abstratos. O designer atua em um ambiente subjetivo no qual a decisão pelo o uso do mood board pode facilitar o contato com sentimentos dificilmente adquiridos e explanados pelo uso de palavras.
Edit:

Imagem da http://www.flickr.com/people/auntiep/ usado com permissão

O mood board apóia o designer através da articulação do pensamento imaginativo e do raciocínio por analogia, algo que ajuda na resolução de problemas complexos pela identificação de determinados aspectos através da articulação de aprendizados novos e antigos. Observar as imagens do mood board compreende um caminho de descobertas, uma ação de desmontar e reconstituir um objeto que jamais voltará a ser igual. Trata-se da construção de novos roteiros pelo ponto de vista de cada observador o qual associa as informações percebidas a uma série experiências, lembranças e objetivos particulares. O ato de coletar, organizar e visualizar uma diversidade de imagens que buscam “dar sentido” às ideias surgidas durante o processo de projeto, faz com que seus valores intangíveis sejam traduzidos e o designer tenha a oportunidade de explorar suas habilidades e conhecimentos tácitos, acessando referências e ações de trabalhos anteriores na busca por uma visão global do problema.
O mood board apóia o registro e a representação de pensamentos do designer. As referências visuais do instrumento expressam ideias mentais que vão sendo melhor formatadas através da combinação entre conceitos e as vivências do profissional. Nesse sentido, ele assume a forma de um “guia” que é acessado para a retomada ou exclusão de informações enquanto o processo de projeto se realiza. Como uma interface de comunicação entre designer e cliente, as mensagens expressadas pelo mood board ajudam a elucidar as argumentações e as interpretações do projeto.

Referências bibliográficas:
1. DORST, Kees. Viewpoint design research: a revolution-waiting-to-happen. Design Studies Vol. 29 Nº 1, Butterworth-Heinemann, p. 5-11, 2008.
2. GARNER, S. & MCDONAGH-PHILP, D. Problem Interpretation and Resolution
via Visual Stimuli: The Use of ‘Mood Boards’ in Design Education
.
In:The Journal of Art and Design Education, 20 (1) pgs. 57-64, 2001. Obtido eletronicamente em http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=aph&AN=4890007&site=ehost-live (1/9/2008)
Autora: Taís Vieira | Publicitária | Mestranda em design pela Unisinos-Rs»

Tendo em conta o texto acima apresentado pode-se considerar que na sua essência um mood board é uma compilação de elementos que inspiram e ajudam a gerar ideias no início de um projecto. A ideia de se criar um mood board é a de criar um cenário que seja congruente com o que o cliente pede no briefing.
Um mood board é criado através de uma colagem de fotografias, ilustrações, screenshots, amostras de cores, palavras, formas, texturas, amostras de tecidos, em suma de tudo o que possa estar relacionado com o sentido que se tem do plano do projecto.
Como todas as técnicas de ajuda à criatividade também o mood board tem os seus prós e contras de utilização:
  • Pode-se ter em conta que nas maioria das vezes os prazos para efectuar um projecto são bastante apertados e efectuar um mood board pode retirar tempo útil à elaboração do projecto. Porém as vozes favoráveis ao seu uso dizem que o facto de se criar um guia visual e uma ideia clara da direcção que se quer seguir através de um mood board, no momento de criar o produto final ter-se-á poupado inúmeras horas de bloqueio criativo e afinação da ideia final.
  • Há também quem refira que um mood board é um elemento estático e por isso contrário a quando a intenção é proporcionar uma experiência interactiva, porém há quem diga que um mood board não precisa de se fechar na sua forma tradicional e pode mesmo ser uma apresentação multimédia ou mesmo um vídeo.
  • Um dos factores mais favoráveis à sua utilização é a possibilidade de envolver o cliente durante o processo de criação para não se investir tempo na direcção errada, ou seja, ao apresentar e discutir o mood board criado, com o cliente, torna-se claro que se ouve o cliente e se tem em consideração os seus imputs e, ao mesmo tempo, permite afinar e perceber melhor qual a direcção que o cliente pretende seguir.
Numa perspectiva mais técnica há que ter em conta que as formas de apresentar um mood board são imensas e não há fórmulas correctas, este pode ser um poster, um pdf, uma apresentação multimédia ou mesmo um vídeo. Até mesmo no estilo se pode optar por uma vertente de colagem ou de template, como os exemplos a baixo apresentados (encontrados no blog webdesignerdepot):

Mood Boards criados para uma loja de roupa e acessórios para bebé

Para além dos estilos mais ou menos estruturados, também as ferramentas e formas de se criar mood boards são diversificadas e tanto podem ser digitais como manuais.
Dentro das digitais temos a possibilidade de usar qualquer programa de tratamento de imagem ou edição (ex.: Photoshop, Illustrador, html, etc) ou mesmo ferramentas já existentes na internet que permitem gerar mood boards. Segue uma pequena listagem:
No que se refere à forma manual de criar um mood board pode-se seguir um vertente simples de um painel / poster de colagens mais ou menos ordenadas ou mesmo de um caderno onde se guardam diferentes ideiais criativas:

Imagem por Svanes

Imagem por Ann D

Para finalizar deixo uma listagem de algumas das áreas onde se utiliza os mood board, que como podem ver são áreas que requerem um certo grau de inovação e criatividade:
  • Arquitectura
  • Arquitectura Paisagista
  • Publicidade
  • Criação de Marcas
  • Design de Interiores
  • Design de Moda
  • Web Design
  • Design Gráfico
  • Design de Jogos
  • Filmes
  • Pintura
  • Música
  • Organização de Eventos
  • entre tantas outras.
Deixo ainda alguns exemplos (encontrados no site Viget Inspire) da aplicação de mood boards a algumas destas áreas:

Arquitectura Paisagista

Design de Interiores

Desgin Gráfico

Design de Moda

Organização de Eventos (planeamento de casamento)

Em conclusão, e após a extensa pesquisa que efectuei para elaborar este texto, entendo que o mood board pode ser uma mais-valia na elaboração de um projecto seja ele profissional ou pessoal, pois permite visualizar a ideia e a direcção que se pretende seguir, servindo o mesmo de referência ao longo de todo o processo.

Esta é a minha visão e vocês o que acham? Vale ou não a pena investir um pouco do tempo de um projecto na elaboração de um mood board?

08 março 2011

Mood Board

O que é? Para que serve? Porquê fazer um? Como fazer um?

Muitas são as questões que levantei para poder responder e perceber o que é um Mood Board e quais as razões para criar ou não um.
O que vos vou apresentar é fruto da minha pesquisa sobre este tema e ao mesmo tempo a minha percepção sobre o mesmo (sim durante o processo percebi que já usava este método mesmo sem lhe dar um nome específico).
Para isso, nos próximos dias vou explicar o que é um Mood Board, quais os prós e contras em cria-los e trabalhar com eles e em que àreas são normalmente usados. Irei também mostrar como criar um Mood Board (tendo em conta algumas das àreas em que é usado) e que ferramentas podem ajudar nesse processo.
O objectivo desta pesquisa é o de perceber as possibilidades que um Mood Board pode ter no desenvolvimento de um projecto e quando é útil a sua utilização, e ao mesmo tempo apresentar um Mood Board que responda à questão Quem Sou Eu? e que ao mesmo tempo sirva de guia ao projecto que é a minha vida em constante construção e mudança (tendo a plena consciência que daqui por uns tempos o provavel é que o tenha de reformular e criar um novo).

Fiquem por aí e espero que gostem da viagem por este mundo em constante mudança.